quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Hello Punk no Caixa de Criadores


João, Raimundo, Antônio... E lá se vai mais um arrancando do meu seio o sentimento mais nobre de todos. Sou vista como uma puta enlouquecida de cais do porto, enlouquecida de paixão, que marco no corpo o nome daquele que um dia marcou o meu coração. Logo vai vir outro reascender esta paixão. Esse também será marcado como prova de uma busca incessante pelo amor.

Acham que prostituta do porto tem desapego ao sexo, que esse tem que ser o mais sujo possível. Mas na busca por esse amor impossível encontro dores e prazeres. Nenhum ferimento de guerra ou briga de rua deixa cicatriz mais profunda quanto no coração de uma prostituta. Prostituta não tem direito ao amor, mas tem direito de sonhar com ele e marcá-lo no corpo quantas vezes achar que o encontrou.

A coleção ‘‘Segunda pele: marcações de um amor impossível’’ traz como inspiração uma prostituta de cais do porto, que marca sua pele com tatuagens no estilo old school. Tatuagens estampadas em tecido que simula a pele dessa mulher e as lembranças de sua vida.


Uma mulher cansada, mal tratada e perdida na sua própria mente. Confusa com a ideia de viver uma vida com a ausência de um amor constante e verdadeiro. Fragilizada com o tempo, porém madura, forte e vivida.

Desse universo dual, surge uma coleção marcada por controvérsias. Silhueta justa. Volumes nas mangas. Transparências e rendas pretas que revelam uma mulher sensual. Rendas brancas e tecidos leves de musseline dão leveza, sutileza e romantismo àquela mulher forte, mas ao mesmo tempo fragilizada.


A nuance nude e os drapeados remetem a roupa velha e amassada, de uma prostituta que acabara de deitar-se na cama de algum motel barato perto de um porto. Peças inacabadas, esgarçadas, amarrotadas. E o coração como símbolo dessa busca pelo amor impossível.

Uma coleção marcada e derrotada pelo tempo.

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